sábado, 21 de abril de 2012

Mídia: O papel das novas tecnologias na sociedade do conhecimento


 
Jaqueline E. Schiavoni11
Leonor Gorete Soares, Ilídia Silva e Nilma Cotrim2                                                                                 
                                                                                                                
Resumo
Em A sociedade em rede, Castells (2003) nos fala sobre a revolução tecnológica que se
desenrola em nosso tempo e vem estabelecendo a chamada sociedade do conhecimento.
Essa sociedade também já foi designada como sociedade da informação e atualmente recebe o nome de sociedade da aprendizagem. Verificaremos neste artigo alguns desenvolvimentos dessa revolução, atentando para os novos paradigmas, questionamentos  incertezas que nos colocam as novas tecnologias da comunicação e da informação.

Os conhecimentos produzidos pela sociedade são considerados como um “bem comum”. No final do século passado, o que assistimos foi exatamente a isso. “Um intervalo cuja característica é a transformação de nossa cultura material”. Ou seja, estabelece-se uma nova era – que passamos a chamar de sociedade da informação, posteriormente de sociedade do conhecimento e atualmente como sociedade da aprendizagem. Dentre os novos meios tecnológicos que se nos apresentam, a Internet é, sem dúvida, um avanço notável para a diminuição da distância entre a sociedade e os conhecimentos produzidos. Soma-se a isso o fato de as novas tecnologias, de modo geral terem se difundido rapidamente. Mesmo as comunidades mais carentes poderiam se beneficiar da Internet a partir de políticas públicas ou mesmo de instituições privadas de democratização do acesso às tecnologias de informação e comunicação. Resta questionar, entretanto, em que medida as potencialidades das novas tecnologias serão utilizadas para permitir efetivamente a democratização do conhecimento.

2. As novas tecnologias e as mudanças de paradigma no campo da educação
Em 1964, McLuhan já atentava para as mudanças que qualquer meio pode provocar, quer seja de escala, cadência ou padrão nas coisas humanas. Mas alertou para o seguinte fato: Não é a tecnologia, mas o que fazemos com ela que constitui de fato o seu significado ou mensagem. Assim, como podem as novas tecnologias contribuir para a promoção do conhecimento? Que mudanças decorrentes do uso das tecnologias já podem ser observadas?
Antes de discorrermos sobre essas questões, faz-se necessário desfazer um equívoco comum: Informação não é sinônimo de conhecimento. Vale lembrar que esse processo depende do ambiente cultural em que vivemos, pois este interfere nas dimensões da nossa percepção. Assim, essa talvez seja a grande contribuição das novas tecnologias: propiciar o contato com a matéria-prima do conhecimento, a informação, de modo ágil e não oneroso. Podem-se acessar a informação por diversos meios tecnológicos isso significa que as novas tecnologias provocam mudanças, sobretudo, no campo da educação. Por tempos, os centros acadêmicos foram os redutos da informação e da produção de conhecimento. As informações são menos dependentes do professor, pois a tecnologia nos supre o suficiente ficando para o mestre ajudar o aluno a interpretar os números dados, relaciona-los e contextualizá-los.

Apoiada em Jacques Delors, coordenador do Relatório para a UNESCO da Comissão.
Internacional sobre Educação para o século XXI, Behrens3 apresenta os quatro pilares nos quais deverá ser assentada a educação:
1) Aprender a conhecer: não se trata mais de repertórios de conhecimentos codificados, mas do domínio dos instrumentos do conhecimento.
2) Aprender a fazer: preparar o aluno para criar com criticidade e autonomia;
3) Aprender a viver juntos: ensinar o aluno as semelhanças e interdependências do ser
4) Aprender a ser: Possibilitar o desenvolvimento total do aluno – inteligência, sensibilidade, senso estético, etc.

A escola vai ser o local onde o aluno vai aprender a aprender. Trata-se de uma relação docente-discente renovada em decorrência das novas tecnologias, especialmente a Internet, na qual o princípio de hierarquia será trocado pelo princípio da participação social. Para alguns visionários, como expõe Vilches, “já não serão os centros educativos que oferecerão temas e matérias dos currículos, mas os estudantes e usuários, que imporão indiretamente planos de estudo e de capacitação, de acordo com as demandas do mercado”. Avaliemos dois desses recursos: a televisão e a Internet.

3.1 A televisão e a educação
Em vista do baixo custo das informações da televisão, da linguagem atrativa e de fácil acesso, esse recurso tecnológico tornou-se a principal – e muitas vezes única – fonte de informação. Dado o próprio caráter polissêmico da imagem, as informações veiculadas pela televisão chegam por muito mais caminhos do que aqueles que conscientemente percebemos e que encontra em nós repercussão. Sabendo disso, muitos educadores, alunos e comunicólogos se questionam por que nunca se conseguiu de fato explorar com sucesso os recursos televisivos no campo da educação e qual seria o caminho para tornar isso possível. Evidentemente, quando se incluiu a função de educar entre as promessas que a televisão cumpriria, pensou-se na própria capacidade técnica do meio, mas o uso social a levou pela via do entretenimento. O próprio desenvolvimento comercial da TV Como explica Vilches, “as tecnologias não lineares e os hipertextos permitirão o desenvolvimento da narrativa digital, facilitando uma maior progressão da atividade cognitiva enquanto se acompanham os argumentos da ficção e das histórias”. (2003, p. O autor aposta na existência de um meio híbrido dominado pela interatividade.

 Na Internet, o sujeito deixa de ser um telespectador – tal como acontecia com a televisão –  para tornar-se um usuário. Obviamente, não se trata apenas de uma mudança de nomenclatura, mas do grau de atividade que o meio exige do indivíduo. Se na televisão a atividade do sujeito envolvia a ação de assistir para em seguida processar as informações recebidas de acordo com seu repertório, interesse e capacidade cognitiva e sensível, na Internet o sujeito tem a oportunidade de interagir de fato com as informações. Na televisão, no entanto, não é isso o que acontece. Distinta da interatividade mútua, que se caracteriza por “relações interdependentes e processos de negociação, no qual cada interagente participa da construção inventiva da interação, afetando-se mutuamente”, a interatividade reativa é linear, limitada por relações de estimulo e resposta pré-determinadas. Evidentemente, tanto a utilização de um meio como de outro – televisão e Internet – para complementar a ação pedagógica tem implicações no campo social: A atividade que a televisão desempenha no contexto educacional é externa a ela [...] A televisão depende do entorno.  A atividade gerada na Internet está intrinsecamente unida ao meio. Tudo é feito dentro da Internet.

A televisão tradicional tem uma dimensão mais humanóide, porque a relação com o mundo, na televisão, está estreitamente vinculada à imagem antropocêntrica [...] A Internet não pode desenvolver-se sem a participação dos usuários. Isso não obriga ninguém a ter interesse social pelo outro, mas a atividade de cada um depende, sim, da atividade do outro. (Vilches, 2003, p. 175-176).

Analisando  esse artigo, observamos as mudanças que as novas tecnologias colocam para a sociedade. Percebemos como o acesso aos conhecimentos produzidos pela sociedade e em todo o mundo pode ser facilitado pelas novas tecnologias, possibilitando, inclusive, sua democratização, já que novos meios como a Internet permitem o acesso ágil e não oneroso às informações.

Mestranda do Programa de Pós-graduação em Comunicação, Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação
da Unesp-Bauru e bolsista Fapesp. Graduada na mesma instituição em Comunicação Social, com habilitação em
jornalismo.
2 Graduandas do Curso de Geografia PROESP,  Universidade do Estado da Bahia-UNEB- CAMPUS XII GUANAMBI-BA.