Jaqueline E.
Schiavoni11
Leonor Gorete Soares,
Ilídia Silva e Nilma Cotrim2
Resumo
Em A sociedade em rede, Castells (2003) nos fala sobre a
revolução tecnológica que se
desenrola em nosso tempo e vem estabelecendo a chamada sociedade do conhecimento.
Essa sociedade também já foi designada como sociedade da informação e
atualmente recebe o nome de sociedade da aprendizagem. Verificaremos neste
artigo alguns desenvolvimentos dessa revolução, atentando para os novos
paradigmas, questionamentos incertezas
que nos colocam as novas tecnologias da comunicação e da informação.
Os conhecimentos produzidos pela sociedade são considerados como um “bem
comum”. No final do século passado, o que assistimos foi exatamente a isso. “Um
intervalo cuja característica é a transformação de nossa cultura material”. Ou
seja, estabelece-se uma nova era – que passamos a chamar de sociedade da
informação, posteriormente de sociedade do conhecimento e atualmente como
sociedade da aprendizagem. Dentre os novos meios tecnológicos que se nos
apresentam, a Internet é, sem dúvida, um avanço notável para a diminuição da
distância entre a sociedade e os conhecimentos produzidos. Soma-se a isso o
fato de as novas tecnologias, de modo geral terem se difundido rapidamente.
Mesmo as comunidades mais carentes poderiam se beneficiar da Internet a partir
de políticas públicas ou mesmo de instituições privadas de democratização do
acesso às tecnologias de informação e comunicação. Resta questionar,
entretanto, em que medida as potencialidades das novas tecnologias serão
utilizadas para permitir efetivamente a democratização do conhecimento.
2. As novas tecnologias e as mudanças de paradigma no campo da educação
Em 1964, McLuhan já atentava para as mudanças que qualquer meio pode
provocar, quer seja de escala, cadência ou padrão nas coisas humanas. Mas
alertou para o seguinte fato: Não é a tecnologia, mas o que fazemos com ela que
constitui de fato o seu significado ou mensagem. Assim, como podem as novas
tecnologias contribuir para a promoção do conhecimento? Que mudanças
decorrentes do uso das tecnologias já podem ser observadas?
Antes de discorrermos sobre essas questões, faz-se necessário desfazer
um equívoco comum: Informação não é sinônimo de conhecimento. Vale lembrar que
esse processo depende do ambiente cultural em que vivemos, pois este interfere
nas dimensões da nossa percepção. Assim, essa talvez seja a grande contribuição
das novas tecnologias: propiciar o contato com a matéria-prima do conhecimento,
a informação, de modo ágil e não oneroso. Podem-se acessar a informação por
diversos meios tecnológicos isso significa que as novas tecnologias provocam
mudanças, sobretudo, no campo da educação. Por tempos, os centros acadêmicos
foram os redutos da informação e da produção de conhecimento. As informações
são menos dependentes do professor, pois a tecnologia nos supre o suficiente
ficando para o mestre ajudar o aluno a interpretar os números dados,
relaciona-los e contextualizá-los.
Apoiada em
Jacques Delors, coordenador do Relatório para a UNESCO da Comissão.
Internacional sobre Educação para o século XXI, Behrens3 apresenta os
quatro pilares nos quais deverá ser assentada a educação:
1) Aprender a conhecer: não se trata mais de repertórios de
conhecimentos codificados, mas do domínio dos instrumentos do conhecimento.
2) Aprender a fazer: preparar
o aluno para criar com criticidade e autonomia;
3) Aprender a viver juntos: ensinar o aluno as semelhanças e
interdependências do ser
4) Aprender a ser: Possibilitar
o desenvolvimento total do aluno – inteligência, sensibilidade, senso estético,
etc.
A escola vai ser o local onde o aluno vai aprender a aprender. Trata-se
de uma relação docente-discente renovada em decorrência das novas tecnologias,
especialmente a Internet, na qual o princípio de hierarquia será trocado pelo princípio
da participação social. Para alguns visionários, como expõe Vilches, “já não
serão os centros educativos que oferecerão temas e matérias dos currículos, mas
os estudantes e usuários, que imporão indiretamente planos de estudo e de
capacitação, de acordo com as demandas do mercado”. Avaliemos dois desses
recursos: a televisão e a Internet.
3.1 A televisão e a educação
Em vista do baixo custo das informações da televisão, da linguagem
atrativa e de fácil acesso, esse recurso tecnológico tornou-se a principal – e
muitas vezes única – fonte de informação. Dado o próprio caráter polissêmico da
imagem, as informações veiculadas pela televisão chegam por muito mais caminhos
do que aqueles que conscientemente percebemos e que encontra em nós
repercussão. Sabendo disso, muitos educadores, alunos e comunicólogos se
questionam por que nunca se conseguiu de fato explorar com sucesso os recursos
televisivos no campo da educação e qual seria o caminho para tornar isso possível.
Evidentemente, quando se incluiu a função de educar entre as promessas que a televisão
cumpriria, pensou-se na própria capacidade técnica do meio, mas o uso social a levou
pela via do entretenimento. O próprio desenvolvimento comercial da TV Como
explica Vilches, “as tecnologias não lineares e os hipertextos permitirão o desenvolvimento
da narrativa digital, facilitando uma maior progressão da atividade cognitiva
enquanto se acompanham os argumentos da ficção e das histórias”. (2003, p. O
autor aposta na existência de um meio híbrido dominado pela interatividade.
Na Internet, o sujeito deixa de
ser um telespectador – tal como acontecia com a televisão – para tornar-se um usuário. Obviamente, não se
trata apenas de uma mudança de nomenclatura, mas do grau de atividade que o
meio exige do indivíduo. Se na televisão a atividade do sujeito envolvia a ação
de assistir para em seguida processar as informações recebidas de acordo com
seu repertório, interesse e capacidade cognitiva e sensível, na Internet o sujeito
tem a oportunidade de interagir de fato com as informações. Na televisão, no entanto,
não é isso o que acontece. Distinta da interatividade mútua, que se caracteriza
por “relações interdependentes e processos de negociação, no qual cada
interagente participa da construção inventiva da interação, afetando-se
mutuamente”, a interatividade reativa é linear, limitada por relações de estimulo
e resposta pré-determinadas. Evidentemente, tanto a utilização de um meio como
de outro – televisão e Internet – para complementar a ação pedagógica tem
implicações no campo social: A atividade que a televisão desempenha no contexto
educacional é externa a ela [...] A televisão depende do entorno. A atividade gerada na Internet está intrinsecamente
unida ao meio. Tudo é feito dentro da Internet.
A televisão tradicional tem uma dimensão mais humanóide, porque a
relação com o mundo, na televisão, está estreitamente vinculada à imagem antropocêntrica
[...] A Internet não pode desenvolver-se sem a participação dos usuários. Isso não
obriga ninguém a ter interesse social pelo outro, mas a atividade de cada um depende,
sim, da atividade do outro. (Vilches, 2003, p. 175-176).
Analisando esse artigo, observamos as mudanças que as
novas tecnologias colocam para a sociedade. Percebemos como o acesso aos
conhecimentos produzidos pela sociedade e em todo o mundo pode ser
facilitado pelas novas tecnologias, possibilitando, inclusive, sua
democratização, já que novos meios como a Internet permitem o acesso ágil e não
oneroso às informações.
1 Mestranda
do Programa de Pós-graduação em Comunicação, Faculdade de Arquitetura, Artes e
Comunicação
da
Unesp-Bauru e bolsista Fapesp. Graduada na mesma instituição em Comunicação Social,
com habilitação em
jornalismo.
2 Graduandas do Curso de
Geografia PROESP, Universidade do Estado
da Bahia-UNEB- CAMPUS XII GUANAMBI-BA.